Para finalizar a última parte sobre nosso caminho de descoberta no BDSM, proponho uma reflexão acerca do certo ou errado no meio.
A primeira coisa que nos vem à cabeça é a liturgia. Uma das coisas mais discutidas no que chamam de “BDSM moderno” é a falta da liturgia ou a deturpação dela. O assunto chave no meio é a busca do prazer consensual e mútuo e sendo assim nos deparamos com a primeira barreira que é a liturgia.
Os dinossauros do BDSM defendem que se você é um praticante sério, então você deve ser litúrgico, mas e se o Top não liga para a adoração aos pés? E se ele não priva orgasmos e deixa o botton ter prazer livremente? E se ele não vê razão nos chamamentos de “oh Senhor, Meu Senhor”? Isso faz dele menos praticante que outro que super valoriza as práticas litúrgicas? Se o BDSM é acima de tudo sobre prazer, então desde que se siga o pilar do SSC ainda é BDSM?
As respostas dessas perguntas variam de acordo com a opinião de cada um, não sei se felizmente ou infelizmente. Eu sou adepta da busca pelo prazer, mas levo em consideração de que não existe somente A ou B. Baunilha ou BDSM. Existem os fetichistas, os baunilhas apimentados que curtem uma coisinha ou outra, os BDSMers extremistas que gostam de práticas hardcore, os submissos adeptos apenas da submissão, submissos masoquistas, apenas masoquistas, dominadores sádicos, os dominadores disciplinadores, dominadores bondagistas, podólatras, reis e rainhas e ainda diversos tipos de relação D/s 24x7, somente entre quatro paredes, somente em momentos específicos previamente acordados, TPE, etc. Então diante das várias opções, podemos realmente dizer que alguém não é praticante sério.
Particularmente, acho a liturgia linda, mas não sou menos submissa que outra porque não chamo o Dono de “Meu Senhor” à todo tempo, tampouco menos litúrgica. Um dominador não deixa de ser um bom dominador se ele permite sua peça de chama-lo por um apelido carinhoso, ele permitiu isso.
Caso alguém seja apenas fetichista ou podólatra, ou o que for, não existe absolutamente problema algum, desde que se assuma como é e não diga por aí que é BDSMer se não existe nenhum tipo de submissão ou dominação.
Como citou o grande Raul, “faz o que tu queres! Há de ser tudo da lei! Viva a sociedade alternativa!”. Não se prive do prazer ou vista um camisa que não é a sua, ninguém vive sua vida se não você. Ninguém explora o seu prazer no seu lugar, então cabe exclusivamente à você praticar o estilo que prefere e as práticas que prefere.
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