domingo, 24 de maio de 2015

Rotinas

Texto de Bia Baccellet

Nos últimos dias tenho pensado muito em rotinas. Sabe aquilo que você faz todos os dias, quase que no modo automático? Aquilo que você faz tudo igual, todo dia ou no mesmo período de tempo? Isso é rotina.
-Acorda
-Escova dente
-Toma banho
-Se veste
-Toma café
-Vai pro trabalho
E assim por diante...

Rotinas são boas, nos condicionam de forma eficiente a executar tarefas, a adotar um certo comportamento, aprender coisas novas, entre outras coisas. 

Rotinas seriam muito boas realmente, se o ser humano não fosse altamente resistente à elas. Quantos de nós já não começamos um curso, todo animado, empolgado e depois de uns meses, pensa em desistir, que o curso tá chato, já não chega cedo na aula, começa a faltar por motivo bobo, pensa em desistir de novo, pois é, caiu na rotina. Deixou de ser novidade, deixou de ser empolgante, o corpo quer experimentar sensações diferentes, ou, a mesma sensação da descoberta, do aprendizado, do novo, do desconhecido.

Em nossos relacionamentos a rotina pode ser uma poderosa aliada ou uma potencial ameaça, depende como a utilizamos. Já teve aquela sensação de que o Dominante perdeu “a mão”, de que ele já não é mais como antes? Te parece que a submissão que recebe não te completa mais? Onde foi que tudo se perdeu? Eu mudei tanto assim? Meu parceiro mudou tanto assim? Esse podem ser indícios do efeito destruidor da rotina.

Como transformar a rotina em aliada? Como trazer de volta o brilho perdido para o relacionamento?

Criar novas rotinas.

A isso chamamos inovar, fazer coisas diferentes.

Mas é preciso entender que, ao inserir algo novo na relação, aos poucos, essa novidade vira rotina. Então, inserindo aos poucos novas rotinas vamos “renovando” esse brilho do novo, do desconhecido.

No BDSM os relacionamentos são muito diferentes em sua constituição, sendo quase únicos, mas uma relação, sendo D/s ou SM também pode cair na rotina. Sabe aquela sessão com as mesmas práticas, mesmo que não estejam na mesma ordem? E o que dizer de tarefas diárias a cumprir para o Dominante, elas cansam, enjoam?

Devemos estar atentos aos sinais de que a rotina está chegando no relacionamento e ter consciência de que não é culpa do outro, e que as mudanças tem que ser inseridas aos poucos. A sessão que deixou de ser prazerosa por ser rotineira, pode ter novos elementos, novas práticas, novo local e novo contexto. As tarefas que eram cansativas e enjoadas, podem ser executadas com mais “criatividade”, em novos contextos ou até mesmo ser “adaptadas” a novas situações. Aí está a inovação que “quebra” a rotina e insere novas rotinas na relação.

Daqui pra frente o importante é: não queime etapas. Espere um tempo para inovar de novo. Se ele curtiu a calcinha nova, ainda vai levar um tempo pra virar rotina, curta o novo e aproveite. Use a mágica a seu favor e insira um novo elemento quando os anteriores já foram explorados. Se ela gostou da prática nova, evolua com ela primeiro antes de propor uma nova experiência. Não faça tudo de uma vez só.

E aí, como inovar?

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