Texto de Bia Baccellet
O prazer sempre foi alvo de tabus e preconceito nas sociedades anteriores à nossa. Parecia que a satisfação sexual e o desejo faziam parte de algo condenável, sujo, obscuro, amoral. Mesmo nessas épocas, haviam pessoas que sentiam e viviam o prazer de forma diferente, de forma liberal.
Os tempos mudaram, e nossa moderna sociedade está mais tolerante à quebra de certos paradigmas culturais e morais. Mais e mais pessoas percebem que sua natureza é diferente do que é apregoado como "normal" ou "comum". Apesar de o conceito de normalidade ser muito relativo(segundo o que reza a filosofia moderna), ainda temos dentro de nós certos medos, que nos impedem de ser como somos, ou, eu diria melhor, de ser "quem" realmente somos. Posso dizer que o "Conhece-te a ti mesmo"(Sócrates) deve ser seguido do "Torna-te quem tu és"(Nietzche) em todos os sentidos.
Nesses nossos tempos de mudança, vejo ainda pessoas que pensam de forma unilateral, mesmo num universo tão plural e diversificado como o BDSM. Pessoas que tentam desesperadamente se encaixar dentro de um molde, como se a liberdade ser quem realmente é, estivesse embrulhada dentro algum pacote numa prateleira, esperando pra ser "achada", esperando pra ser "vestida"... O BDSM está sendo visto de forma muito limitada, com as pessoas querendo de alguma forma "se encaixar" dentro dele, querendo encontrar uma receita infalível já pronta de como ser feliz dentro desse mundo.
E deveria ser exatamente o contrário... Deve-se primeiro saber responder às seguintes perguntas: O que me faz feliz? O que eu desejo e realmente quero pra mim? Me conheço o suficiente pra saber se algo é bom ou ruim pra minha felicidade? Qual o meu real objetivo?
Depois de respondidas essas perguntas, outras virão obviamente, mas elas serão resultado de sua busca natural pelo seu eu moralmente imperfeito e porque não dizer, a busca pelo seu eu mais que perfeito.
Parece que atualmente existe uma corrida desenfreada das pessoas em tentar se encaixar dentro de um rótulo, ou dentro de um contexto BDSM que simplesmente não cabe em suas vidas. Acabam "formatando" suas vidas e seus gostos, pra se encaixar dentro de um nome, talvez achando que é via de regra ser submisso ou dominador, limitando e muito as possibilidades de viver o BDSM de forma plena.
Muitas frustrações e desenganos acontecem porque as pessoas não estão procurando aquilo que vai completar sua vida, que vai fazer com que sejam plenas. Pensem fora da caixinha. Descentralizem. Busquem por conta própria, e não aceitem formatos já prontos que forem apresentados como "verdade absoluta". Aí está a ciência da busca, ser pleno e descobrir o que sempre foi, sem parâmetros alheios para inibir sua descoberta. E se você descobrir que é diferente de todo mundo melhor ainda, pois somos todos diferentes!!!
Quem me dera ter todas as respostas e saber todas as perguntas que devem ser feitas durante essa jornada de autodescoberta. Mesmo já tendo vivido por algum tempo o BDSM, sempre me descubro em algo novo, algo inusitado, inesperado, me descubro quebrando meus próprios paradigmas e desvendando meus mistérios e dilemas pessoais. E isso me redefine, me traz nova perspectiva sobre quem realmente sou.
Busque o que quer dentro de você, e não tente se achar dentro das outras pessoas, pois a decepção será certa, ninguém é capaz de dizer o que quer a não ser você.
E que sua busca seja feliz.
otimo texto parabens
ResponderExcluirObrigada Sarah!!! É bom ter você por aqui!!!
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