domingo, 28 de setembro de 2014

"NA BERLINDA BDSM" - DÉBORA GOYA

A entrevista do dia 05/09/14 foi com a Domme Débora Goya, que aconteceu em nosso grupo do facebook.

Abaixo a transcrição da entrevista na íntegra.


Bia Baccellet: Iniciamos agora a entrevista com a Domme Débora Goya. Após a apresentação da entrevistada as perguntas estarão liberadas. Boa noite!!! Apresente-se!!!!

Débora Goya: Boa noite! Sou Débora Goya, 38 anos e sou Domme iniciante, atuando há 1 ano e meio no BDSM. Um prazer estar aqui e grata à Bia Baccellet pela oportunidade!

Bia Baccellet: Como conheceu o BDSM?

Débora Goya: Boa noite, Bia! Bom, o primeiro contato se deu mais ou menos em 99 qdo fui a uma festa totalmente alternativa e chegando lá tinha um cara de quatro no chão, coleira e guia, passeando pelo lugar. Ele parou na minha frente e pediu pra que batesse várias vezes na cara dele. Nem sabia da existência do BDSM propriamente dito, mas gostei da experiência e aí que me falaram do que se tratava e fui pesquisar mais a respeito.

Fernando Resende: Sente-se à vontade quando um sub demonstra o desejo de ser estrangulado (se é que já interagiu, é claro, com algum que tivesse esse fetiche)? É que noto que é uma prática bastante popular entre subs, mas não muito simpática à maioria das dommes, que preferem não praticar...

Débora Goya: Boa noite, Fernando! Sinceramente, eu curto bastante! Mesmo nos meus tempos de bau, eu praticava - de leve rs - isso com um parceiro outro que me permitiam. Ou seja, me sinto sim à vontade quanto a realização desta prática. Mas por saber da minha condição de iniciante, mesmo já experimentado antes, sou cautelosa, às vezes até demais. rs Mas faço numa boa, tenho bastante prazer nisso

Bia Baccellet: Como descobriu sua posição(dominadora)? Nunca teve interesse pelo outro lado do chicote?

Débora Goya: Bia, nas minhas relações baunilhas, eu senti gostei de comandar, tive muitos problemas por conta disso, por ser mandona, autoritária, querer as coisas do meu jeito. rs E conversando uma vez com a Karla sobre isso, foi quando me dei conta desse meu lado Domme de ser. rs Fora estes aspectos, tenho alguns outros q acho q são bem característicos de dominadora, que é ser ciumenta e possessiva. E qto ao outro lado, tem algumas coisas que eu acho legais e até pratico com um sub com quem saio eventualmente, onde domino a maior parte do tempo, mas que me sinto extremamente confortável em permitir que ele faça algumas coisinhas comigo, mas nada demais, nada que chegue ao ponto de me classificar como SW. rs Um puxão de cabelo, uma pegada mais forte, coisas do tipo. E um pouquinho de dor, eu assumo q gosto de sentir, mas só.

Helena Pimenta: Boa noite, Débora Goya, disse acima que seu primeiro contato foi em 99, mas que é Domme iniciante, há 1 ano e meio no BDSM. Por que essa lacuna no tempo? O que a trouxe definitivamente ao BDSM?

Débora Goya: Boa noite, Helena! Bom, essa lacuna se deu justamente por não ter por perto pessoas conhecidas que frequentassem o meio. Nesta festa q fui, fui com um amigo q tb não sabia do que se tratava. Mas sempre li a respeito, tinha o site de Sistinas, onde lia muito sobre o tema, mas nunca me aprofundei, embora gostasse muito. Até que no ano passado, conversando com uma amiga, ela me revelou seu lado sub. E q era casada com seu dono. Aí, ferrou de vez! Passei a pesquisar arduamente sobre o tema, conversava horas com ela pelo skype debatendo sobre o assunto, me interando cada vez mais sobre e até que me mudei de mala, cuia e alguns floggers de que ganhei de presente para o "submundo". rs

Gabriel SrRasputin Souza: Uma de praxe... Quais suas práticas preferidas e qual prática ainda não realizou mas morre de vontade?

Débora Goya: Boa noite, Gabriel! Minhas práticas favoritas são podolatria, spanking e inversão. E uma prática que nunca fiz e tenho muita vontade é mumificação.

Gabriel SrRasputin Souza: O fato de ser iniciante foi citado. Sentiu alguma forma de preconceito por isso?

Débora Goya: Sobre a sua outra pergunta, Gabriel, em relação ao preconceito... Eu nunca senti. Eu não escondo de ninguém que sou iniciante. Se houve preconceito, foi velado. E muito bem, pq nunca senti mesmo. Mas acho que devo ter sofrido sim.

Simone Ana: boa noite Débora Goya, o que acha de slave moneys?

Débora Goya: Boa noite, Simone! Eu nunca tive uma experiência com money slave, ou slave money, como vc colocou. Mas na minha ideia, eu acho que deve ser interessante, mas acho q isso deve ser utilizado apenas no q concerne à sessão ou caso a pessoa seja meu acompanhante numa festa. Não acho legal usufruir disto para assuntos pessoais, como pagar minhas contas e etc. Acho válido para aquisição de acessórios, brinquedos, presentes e mimos pra mim. Além disso, não acho legal, pra mim soa como oportunismo. Mas claro q isso é minha visão. Cada qual com sua negociação.

Cammy Veras: Boa noite! Já passou alguma situação de perigo em uma sessão? Se sim, poderia nos contar como foi?

Débora Goya: Boa noite, Cammy! Nunca passei perigo em nenhuma sessão. Até mesmo pq eu levei um certo tempo até fazer uma sessão mesmo pq eu queria me sentir segura pra realizá-la sob o prisma do SSC, preferi estudar bastante (e continuo estudando) a teoria e por conta disso, não tive muitas sessões. As que tive, sempre foram tranquilas. Sem contratempos ou perigos.

Karla Romero Castellini Dourado: Débora... gostaria de saber sua opinião pessoal sobre o sadismo... Quais fatores dão mais prazer, como acha mais legal desenvolver e conduzir uma cena desta forma...

Débora Goya: Boa noite, Karla! O sadismo pra mim, é divertido. Quando comecei, não sabia desse meu lado sádico. Por mais que lá em 99 eu tenha curtido bater na cara do rapaz na festa. rs Mas quando percebi este aspecto em mim, eu quis mais. E percebi q me é muito mais prazeroso tacar o terror psicológico na criatura do que a dor física, embora eu também goste de machucar. rs E a melhor forma de se desenvolver e conduzir este aspecto, sem dúvida alguma é buscando conhecer bem a pessoa com quem vou dar vazão a este meu lado. Seja numa sessão avulsa ou numa D/s. O conhecimento do outro e de si mesmo, acho q é a base para uma boa e segura conduta do sadismo.

Morenah Kesabel: Boa noite à todos! O que considera imprescindível para um sub seu? E porque?

Débora Goya: Boa noite, Morenah! Bom, num primeiro instante, que ele seja solteiro. rs Ou que pelo menos possa ficar marcado. Mas à medida que vamos conversando, acho imprescindível a pessoa estar realmente disposta a servir. Não me refiro, nesse momento, a me entregar seu poder de cara, isso é algo que conquista à medida que a relação cresce. E claro, dependo muito também da forma como conduzo essa relação. O sub tb deve atender ao menos às minhas práticas preferidas, ser educado, saber conversar sobre diversos assuntos e que seja sincero no que realmente busca e quer. E sem enrolações.

Karla Romero Castellini Dourado: Débora, é comum ouvir Dommes que separam o sexo do BDSM, ou até mesmo julgam que determinados atos sexuais não cabem em sexo com submissos.... o que acha a respeito?

Débora Goya: Oi Karla! rs Bom, eu acho que isso é uma opinião pessoal que varia de Domme pra Domme e no meu caso, eu não tenho problemas quanto à isso. Mas, nas sessões que já realizei, sexo com penetração, eu só fiz com um sub apenas. Eu gosto muito de sexo, não acho errado uma Domme permitir a penetração do sub, acho q isso em nada influencia na perda de poder da mesma (eu não me sinto assim), porém, tem muitos subs que não possuem essa visão e confundem as coisas, assumindo algumas vezes posturas indevidas em relação à Domme, desrespeitando-a. Aí cabe à ela conversar e ver qual a melhor forma de resolver essa questão.

Gabriel SrRasputin Souza: Vi que vc é wicca (ou pratica algumas coisas ligadas à esta religião). Existe algum ponto de encontro entre os 2 meios? De que maneira se antagonizam e/ou se completam?

Débora Goya: Gabriel, eu não misturo uma coisa com a outra, acho que não tem sentido mesclar o q pra mim se trata de desenvolvimento espiritual com BDSM. Mas acho que um ponto onde ambos possam se encontrar, talvez seja na liberdade ou no incentivo de simplesmente ser quem você é, assumindo as responsabilidades pelos seus atos.

Helena Pimenta: Débora Goya, a Senhora menciona que gosta de "tocar o terror psicológico na criatura". Daí deduzo que uma das suas práticas é a Dominação Psicológica. Quais os cuidados que a Senhora sente que são necessários para praticar sem causar danos na peça? Quais os cuidados posteriores à sessão e também a relação se for uma D/s finalizada (onde há a transferência de Poder) para trazer de volta ao bottom o seu próprio poder?

Débora Goya: Bom, como disse anteriormente, Helena , a base de tudo é uma conversa franca, uma negociação honesta e clara sobre o q se gosta e limites. Explico muito bem e de forma extremamente sincera como sou e do que gosto e a partir daí, de posse deste conhecimento sobre o outro, conduzo conforme o q me ocorre na hora, sou muito espontânea, mas sempre respeitando limite alheio e observando muito bem a reação do outro, pra evitar danos. Embora má, sou muito carinhosa. rs E muito cinestésica tb, então, se eu percebo q mesmo sem a peça pedir safe, ela ficou um pouco mexida após a sessão, trago sim para o meu colo se achar necessário, dou carinho, afago e converso, pergunto como a pessoa está se sentindo, como foi a sessão, pontos altos e baixos e com base no que ela me responde, vou tentando trazer a pessoa aos poucos de volta. Não tenho como falar mais detalhadamente sobre, pq nunca aconteceu comigo algo que tenha abalado profundamente a peça. Mas, admito, q talvez pela minha pouca experiência, por mais q eu goste de tocar o terror, vou na manha, justamente por temer dar algo errado e eu não saber como conduzir a situação

Simone Ana: curte dar tarefas aos subs? quais costuma aplicar (se for o caso)

Débora Goya: Simone, nunca dei tarefas ao sub, sendo bem sincera. Mas acho a ideia legal, pois é uma demonstração clara de domínio também. Sinto não poder discorrer muito sobre, por não ter tido a experiência ainda.

Edu Castellini Dourado: Débora Goya Boa noite amiga querida...!!! Quais as praticas que considera imprescindíveis em uma boa sessão de FEMDOM que conduza...?

Débora Goya: Boa noite, Edu! Bom, embora eu tenha as minhas preferências, nem sempre todas acabam rolando na sessão. Mas NUNCA dispenso a podolatria. rs Eu já gosto de começar com o sub aos meus pés. Adoooro demais essa prática e o resto, vai rolando de acordo com o desenrolar da sessão. Mas sempre tem humilhação, tapas na cara, na bunda, adoro OTK!

Marco Bauhaus Mishima: Como lida com a distância que existe entre o BDSM real - aquele que praticamos de fato - e o BDSM idealizado - aquele que muitos que leram livros, contos, etc... esperam encontrar - Débora?

Débora Goya: Boa noite, Marco! Bom, eu procuro "sentir" bastante o sub que vem conversar comigo pra saber qual é a visão dele sobre o BDSM e se percebo q ele tem essa idealização toda sobre o tema, passo pra ele a minha visão, que naturalmente foge de muito que é apresentado na literatura. Como muitos são iniciantes tb e até mesmo amigos baus q tem curiosidade sobre o tema, explico que por mais q seja diversão, é algo a ser levado muito a sério e com responsabilidade. E sempre recomendo buscar o máximo de informação a respeito, discutir com outras pessoas sobre, até conseguir se desvincular desta visão romantizada em livros sobre o BDSM. Não sei se consegui responder totalmente sua pergunta, mas é a forma como busco lidar com o q vc me questionou

Bia Baccellet: Sente alguma dificuldade em encontrar subs? Quais são os maiores empecilhos para encontrar um sub?

Débora Goya: Ótima pergunta, Bia! Sim, sinto MUITA dificuldade em encontrar subs. E os maiores empecilhos creio que sejam a minha inexperiência, ainda tenho muito que aprender sobre, o q me deixa às vezes um pco perdida, eu confesso. Tem tb o fato de ser aquele tipo de Domme educada, simpática, atenciosa e alguns vêem isso como razão para não respeitarem a hierarquia. E sem contar que me deparo com muitos "pseudo subs" - rs - que na verdade usam a submissão para chegarem a mim, mas que na verdade só querem praticar a inversão. rs Nada contra, cada um dá o q quiser dar, mas não é só isso q eu procuro, portanto, tb acrescento à esta lista, a falta de sinceridade de alguns, pq muitos falam q querem servir, mas na verdade isso é desculpa pra darem a bunda.

Bia Baccellet: Qual sua opinião sobre cinquenta tons de cinza? Veio pra trazer gente nova ou só atrapalhou a coisa de vez?

Débora Goya: Bom, Bia, eu não li nenhum dos livros da trilogia 50 tons, mas pelo q ouvi e li falar a respeito, acho q foi certamente um pontapé pra muitos q tinham interesse no tema de forma velada, buscarem mais informações sobre, já que virou moda, naquele lance de "todo mundo tá indo, então eu tb vou." Mas infelizmente, uma pequena proporção q tomou conhecimento do BDSM por estes livros, q realmente buscam saber de fato o q é BDSM, enquanto a massa, pensa que é mais porta para putaria, pro sexo fácil. Realmente lamentável.

Bia Baccellet: Domina somente subs homens? Já dominou uma mulher? Se não, dominaria uma mulher?

Débora Goya: Bia, domino apenas homens, embora práticas, tenha realizado algumas com mulheres. Não me vejo dominando mulher, até pq a vejo como igual, mesmo sendo ela submissa.

Bia Baccellet: Entrevista encerrada!!! Muito obrigada a Débora Goya pela entrevista, foi ótimo!!! A todos os membros do grupo boa noite e até a próxima!!!

Débora Goya: Eu quero agradecer à todos q participaram com sua perguntas, espero ter sido clara e coesa nas respostas, peço desculpas pela demora em responder algumas e por não saber detalhar alguns assuntos devido ao fato de ser iniciante, mas fiquei feliz por essa oportunidade de falar o que penso sobre BDSM. Um boa noite à todos e até a próxima! Sejamos felizes!

As entrevistas acontecem semanalmente no grupo do facebook Iniciação ao BDSM.

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