A entrevista com o Sádico Richard Saviolli, aconteceu dia 20/11/14, em nosso grupo no facebook. Abaixo a entrevista revisada e editada.
Bia Baccellet: Iniciamos agora a entrevista com Richard Saviolli. Após a apresentação do nosso convidado as perguntas poderão ser feitas. Boa noite a todos!!!!!
Richard Saviolli: Primeiramente uma boa noite a todos.
Chamo-me Richard Savioli, e Vince é meu apelido social/real. Meus amigos me chamam de Vince e eu prefiro. Sou puramente sádico, não tenho envolvimento com a DS e possuo 24 anos. Moro em São Paulo, capital. Acho que é o suficiente, sou péssimo com apresentações, então que comece as perguntas
Bia Baccellet: Como teve seu primeiro contato com o BDSM? Conte-nos um pouquinho da sua história...
Richard Saviolli: Bia, meu primeiro contato com o BDSM foi pela internet, isso é o mais estranho. Sempre fui curioso, desde criança fuço as coisas, então nos tempos do orkut, por volta de 2005, acabei por encontrar comunidades sobre BDSM no orkut e entrei.
Desde então tomei interesse e descobri o needleplay, fui me descobrindo aos poucos, descobri do porquê gostar de furar coisas, vivia fuçando as agulhas da minha mãe e afins.
Por volta de 2007 já sabia de muita coisa e acabei por integrar o BDSM aos meus RPG'S virtuais e relações reais, percebi que muitas pessoas, até com seus 40 anos, tinham as mesmas dúvidas que tive, foi então que foquei-me em querer ensinar.
Acho que essa foi a parte mais gratificante da minha vida, quando descobri que tinha vocação para ensinar uma massa, de não deixar eles a deus dará como me deixaram. Muitos tops e mestres viram um potencial em mim e me chamavam para moderar seus grupos, marcar encontros pela região onde morava(zona leste) e assim comecei com essa vida de "ensinar e ser ensinado".
Com 18 anos eu já era dono da BDSM Brasil e estava deveras ansioso, porém estou muito satisfeito que o meu esforço gerou resultados e servi de incentivo a outros jovens.
Cammy Veras: Boa noite! O que espera de uma submissa para que lhe sirva?
Richard Saviolli: Cammy, não espero muito sendo bem sincero. Por não sugeri a ideia da DS, acabo por ser muito mais flexível que dominadores ou disciplinadores.
Acho que o que espero é que a minha Bottom cresça junto a mim, pegue o interesse por ler, testar, conversar, exceder limites e coisas do tipo.
O que espero é que ela não fique estagnadao u esperando eu tomar atitudes por ela, isso não é tipo de "play" que gosto, gosto de Bottoms mais ativas, conversadores e até teimosas. Diria que gosto até das brats por serem "bocudas.
Agora no ponto inverso; Não gostaria de ter uma bottom que se anulasse, creio que ela deixaria de evoluir e aprender o que ensino nas entrelinhas. O que mais me chama atenção em uma Bottom não é o seu corpo, mas sim suas práticas, então acho que toda Bottom primeiramente deva ter orgulho de si mesma. Se ela não tiver orgulho de si, não amar a si mesma, nem eu poderei me orgulhar dela.
Morgana Stoker: Boa noite a todos e em especial ao nosso entrevistado. Aproveito pra parabenizar ao Richard pelo belo trabalho na comunidade, tiro meu chapéu pra quem tão jovem já detém tanto.conhecimento e se disponibiliza a passar isso adiante. Como foi sua primeira sessão de needle? E qto aos acidentes, já vivenciou algum? Beijo!
Richard Saviolli: Boa noite, Morgana muito obrigado pelos elogios. A minha primeira sessão foi complicada, não vou omitir ou me fazer de perfeito. A primeira sessão foi estranha, de verdade, pegava as agulhas e não sabia direito os calibres e nem como perfurar de maneira profissional, mas ao final das contas tudo ocorreu bem.
A primeira sessão real de needle play que tive foi por volta de 2008, eu aidna estava com uma ex que prefiro não citar o nome, ambos tinhamos curiosidade e tentamos. Fiz um círculo bem torto de agulhas nas costas dela, usei sabonete umidecido neutro e antibactericida, depois usei o álcool 70 com algodão e comecei.
Já nesta sessão aprendi muito, coloquei algumas agulhas de forma muito "superficial" e percebi que a pele poderi rasgar se eu errasse, fiquei com medo de sangramentos, mas n o me deixei tomar por medos ou receios, se eu assumi a responsabilidade de estudar e colocar uma, teria que fazer direito e prestar atenção.
O meu problema maior foi na retirada, ainda não sabia "pinçar" para retirar as agulhas e acabou sangrando mais do que deveria, a minha ex estava sossegada, enquanto estava em quase desespero porque não sabia se era ou não para sangrar. No final eu passei álcool com algodão e após um minuto mais ou menos não havia uma gota de sangue e ela riu de mim e mto mde brincadeira.
Foi muito divertido, mas preocupante. A primeira experiência a gente nunca se esquece.
Morgana Stoker: Obrigada pela resposta! Te fiz essa pergunta Pq sabia q vc contaria como foi, de verdade, sem querer ser super herói bdsm...hahahaha. Meu primeiro needle foi bizarro tb, mesmo usando agulhas no dia a dia. Mas... a parada é essa. Somos humanos né?
Rita De Cassia Longo Longo: Boa noite .. acompanho seus comentários no grupo de BDSM .. enfim.. existe alguma pratica que vc sente prazer mas que nao faria ? Se existe qual é ? .
Richard Saviolli: Rita De Cassia, essa é uma coisa que costumo não falar, mas como sou bem "face limpa" vou dizer.
Uma coisa que sinto prazer, mas que é impossível eu praticar por ser um crime em todos os âmbitos é uma coisa chamada "Ero Guro",
Ero = Erotismo.
Guro = Bizarro.
Em resumo é bizarrice erótica, são mandas e hq's que possuem estupro, violência, genocídio, estripamento e essas coisas bem "bizarras" misturadas à sexualidade. Não sinto prazer em ver pessoas reais passando por essas situações, isso que é estranho.
Minha mente possui um bloqueio com isso, tenho nojo de genocidas e estupradores, porém no HQ isso me excita. creio que seja a famosa diferença entre fantasia e realidade.
Que eu não faria é só isso mesmo.
Alexsandra Da Costa Leite: Boa noite a todos, em especial ao entrevistado, Richard Saviolli, poderia comentar mais sobre agulhas? Visto que tb adoro usá-las.
Richard Saviolli: Alexsandra, a sua pergunta foi bem abrangente, mas vamos ver se consigo responder.
O risco das agulhas não estão nelas em si, mas na forma em que são utilizadas, creio que seja um material que só deva ser usado por quem conheceo mínimo do mínimo da anatomia humana.
Um exemplo disso é uma veia importante que fica localizada no bumbum, muitos acham que por ser uma área verde para spanking, também é para agulhas.
Acho agulhas lindas, maravilhosas e delicadas, muitos acham que dói, mas eu nunca vi dor real na prática. Acho que o que move os needleplayers é o prazer visual, o prazer psicológico e até o sangue da pós sessão.
Aproveitar esse engate e falar para quem gosta sempre encherter um descarpack e enchê-lo até a marca de segurança, jogar esses materiais no lixo é crime.
Há também a parte da saúde, perfurar um diabético ou pessoa que está com problema na coagulação do sangue é uma grande "furada".
Mas ao todo amo agulhas.
Bia Baccellet: Quais as práticas que mais aprecia, além das agulhas que já mencionou?
Richard Saviolli: Bia, muitas das coisas que tenho vontade de fazer/aprecio são impossíveis por causa do alto valor do material. Gosto de tudo que envolva tortura e sadismo, já até pesquisei valores de réplicas de maquinárias medievais como o esmaga seio e outros itens usados pela igreja católica, mas claro que os adaptaria para o prazer e não para a morte.
Uma prática que aprecio e não acho quem me ensinar, porque acho muito delicado para tentar sozinho só com material da internet ou vídeo, é a escarificação. Aprecio muito, acho divino.
Das básicas gosto de spanking, ball-gags, bondage, estupro teatral. Também amo lidar com o medo, fear play, já tranquei EX dentro de um armário(PS, ela não tinha claustrofobia. Sou contra abusar de fobias) e a deixei por horas ali de castigo.
Realmente tudo o que gosto está voltado para o sadismo físico e psicológico, não me vejo em uma cena DS.
Bia Baccellet: Mencionou acima que prefere as "bocudas" ou brats como chamamos. Como você consegue chegar no limite do que é saudável e tolerável com uma brat? Brats são famosas por serem provocadoras para serem castigadas, mas como saber o limite da provocação? Até onde é saudável para uma brat ir, sem deixar o Top "P da vida" e com vontade de "descer a lenha" por estar passando dos limites?
Richard Saviolli: Bia, acho que é necessário uma ótima e longa conversa quando se fala das teimosas e isso vai variar de pessoa para pessoa.
Um exemplo do que difere um de outro, é que a brat vai colocar uma meia 7/8, roçar-se em mim, mandar beijo, pedir para transar, ter sessões, ela vai me provocar, ela vai dizer que não quer, vai responder em tom maneirado.
Já não vejo uma submissa vindo semi-nua e esfregando as nádegas em mim porque isso poderia me desrespeitar. A diferença para mim é essa, de provocação, a submissa não vai provocar porque pode irritar o top e o prazer dela é obedecer, já a brat vai provocar porque ama isso.
Odeio ser mimado e gosto de provocação, então a brat não pode em hipótese alguma me chamar de bebê, meu amor, ficar de beijinho e abraço carinhoso, elogios constantes e afins porque realmente odeio isso, esse é o meu limite.
Quanto a não passar dos limites, isso também vem de uma boa conversa, porque o BDSM deve ser consensual e o castigo não deve ultrapassar os limites do Borrom. Odeio quando utilizam formas bizarras de punir o Bottom, exemplo; Saber que o bottom passa mal com scat e utilizar isso como castigo, saber que o bottom tem medo de altura e amarrá-lo no terraço, essas coisas não se brincam, fobias podem levar a óbito, a pessoa pode enfartar ali.
Então o casal vai ter que se conhecer muito bem antes de pensar em quis castigos aplicar. O castigo não pode ser agradável ao Bottom, senã não é castigo, mas também não pode ser exagerado.
Bia Baccellet: Revelou que não curte D/s, porquê?
Richard Saviolli: Bia, não gosto de dar ordens, ter uma pessoa submissa ao meu lado. Envolvi-me com duas submissas, uma tinha a ideia de um relacionamento TPE, ela não fazia algo sem a minha autorização, tinha medo de me decepcionar e acabava por não fazer nada.
Eu escolhia as roupas dela, cor de unha e tudo mais, mas senti um abismo dentro de mim, eu estava entediado, não tinham surpresas, eu sabia que o que eu mandasse, ela faria.
No final a relação não tinha novidades, não tinha o clima que gosto. Não sou uma pessoa para mandar da forma que pede um relacionamento DS, não gosto sequer de criar regras básicas para um relacionamento. Prefiro deixar as coisas acontecerem, só basta um contrato para saber limites e está ótimo.
Realmente não "nasci" para ser dominador. haha
Marcia Leite: Boa noite Richard Saviolli!!! Qual sua opinião, sobre o Sw?
Richard Saviolli: Marcia, apesar do termo switcher ter chegado depois junto com o dom e sub, porque antes não tinham esses termos, acho que o switcher é o que mais se aproxima da velha da velha guarda, por quê ?
O BDSM nasceu dos militares motoqueiros da Leather, e ali quem queria ser TOP tinha que ser primeiramente Bottom. Você tinha que merecer o cargo, não era apenas assumir-se algo e pronto.
Pensando por esse lado, eles eram swichers em sua maioria, pois obtinham prazer e gostavam da parte Bottom, e por fim gostavam ou não da parte top quando chegavam ao topo de uma hierarquia.
Então essa ridicularização com os SW é ridícula. Pegar o que você disse que sim, vou fazer uma crítica aos críticos.
Antes de falar mal de Switcher, essas pessoas deveriam estudar a história do BDSM pelo menos, porque se a pessoa quer falar, que ela ao menos saiba do que vai falar. Odeio gente que fala o que não sabe e se afunda na própria ignorância.
Para mim swtichers são tão adeptos quanto tops e bottoms, nada de mais, nada de menos.
Bia Baccellet: Qual a sua opinião sobre o que hoje se chama BDSM virtual, onde as pessoas não se envolvem fisicamente, fazendo "sessões" na web cam?
Richard Saviolli: Bia, acho normal. Sou do tipo de pessoa que comprrende os lados ao invés de julgá-los sem compreensão.
Estamos em uma era virtual, só não creio que a parte SM possa ser aplicada virtualmente porque o sadomasoquismo exige duas pessoas no mesmo ambiente, ou seja, uma aplicando e outra sentindo a aplicação.
Para resumir essa parte fica assim; Para ser sadomasoquismo é preciso de um sádico "batendo" na masoquista, se for algo "self" como em webcam acaba por ser apenas masoquismo.
Porém a parte DS vejo sim possibilidade de chamar de BDSM, porque uma pessoa manda e a outra obedece, o DS é basicamente isso. Se o Dom manda a Bottom dele por o plug, maltratar a si mesma e afins, ele está exercendo o seu poder sobre a pessoal, afinal ela está a obedecê-lo, e há mais dois fetiches ai além da DS, o de exibicionismo e voyeurismo.
Muitos discordam de mim, mas nunca vi argumento que invalidasse uma DS virtual. Sendo bem sicnero, a coleira virtual está há anos ali na "hierarquia das coleiras", porém ela é bastante contestada.
Marcia Leite: Richard Saviolli, qual a sua opinião sobre 50 tons de cinza?
Richard Saviolli: Marcia, acho normal. Esses dias vi um comentário que resumiu tudo o que eu sempre quis dizer; BDSm'ers reclamando de 50 tons de cinza é como piloto da aeronáutica reclamando de top gun ou um praticante de esgrima reclamar dos filmes do Zorro.
Por que ?
Porque o livro não é BDSM, ele é um Soft Porn, todo Soft Porn possui elementos fetichistas em algum nível, mas são livros feitos para jovens leigos e pessoas adultas, já casadas, que nunca tiveram experiências assim por causa do cônjuge limitado.
Então vamos ao público foco e à estratégia; É uma baita de uma jogada, o filme envolve elementos fetichistas interessantes de forma extra soft, o que é de interesse de todos que querem experimentar algo novo, como isso pode ser ruim ?
O problema nunca foi a ficção, mas aqueles leitores ou críticos que não sabem separar ficção de realidade. Dai acabam por procurar essoas do mesmo jeito que as do livro, enquanto outros criticam coisas reais por causa de um livro, isso não faz sentido, de verdade.
Só achei ruim a parte de usar um personagem com patologias para ser o fetichista, isso acaba por realçar que essasp essoas possuem algum desvio, mas voltamos à parte da ficção, isso não é realidade. A Anastasia nunca foi submissa e isso é nítido, ela só queria transar com o cara dos sonhos.
Bem, não tenho mais o que dizer. Sei que o livro cumpre o que ELE PROMETE.
Ele não pode cumprir um intuito que foi criado por quem não o escreveu, então se for para fazer uma avaliação crítica, prefiro ser bem realista e "crítico de verdade", sem mimimi ou drama.
Bia Baccellet: Como é ser dono de um grupo tão grande como o BDSM Brasil? Quais os maiores desafios?
Richard Saviolli: Bia, é uma mistura de cansaço e orgulho.
O grupo já foi deletado por volta de 5 vezes, então eu voltava e o refazia. É muito cansativo porque exige muita atenção e imparcialidade, ainda mais paciência. É muito trabalhoso, muitos teriam desistido no meu lugar porque estressa e estressa muito.
Os maiores desafios estão na imparcialidade. O grupo possui regras e essas devem ser respeitadas, é difícil banir um amigo de infância, a noiva, a namorada masoquista e etc... porque eles desrespeitaram as regras.
Assim como é difícil não banir aqueles membros chatos e ignorantes porque eles não quebraram as regras ainda, por mais irritantes que sejam.
O maior problema pessoal é a "imagem", porque como dono daquele grupo, qualquer erro que eu cometer, qualquer coisa que suje a minha imagem, vai me "ferrar" em grande escala, porque não vai ser apenas o Richard, mas o dono da BDSM Brasil.
As pessoas podem transformar facilmente um pequeno erro se transformar em um grande desastre em relação a mim, então é muito chato se envolver com pessoas e sempre manter a "rédea curta" ou ficar receioso por ser uma imagem pública.
Muitos sonham em ser populares, alguns querem estar n meu lugar, mas não têm a mínima ideia do que é ter fake(homem em perfil de mulher) te caçando vendo se você trai a esposa, dando em cima de você. Gente fuçando suer timerline para achar um erro e ir lá postar em 300 grupos para ferrar a sua imagem.
Sério, é muito stress, e vale lembrar que faço isso de graça, então é bem difícil aturar tudo isso sem ter lucro sobre. É um trabalho honesto para pouco lucro.
Mas estou muito, muito, muito satisfeito com pessoas que vêm ao meu private dizer que amam o grupo, que adoram o meu trabalho, que me admiram e tudo mais. Esse é o melhor pagamento que posso ter, acho mais gostoso do que ter meus milhares e não ter com quem compartilhar.
Helena Pimenta: Richard, vim só para deixar um beijo pra você e fazer tietagem...rsrsrsrs... sabe que te gosto muito! Vou aproveitar para perguntar - se ninguém tiver perguntado, claro, vou te ler amanhã - : tem limites?! como os estabelece, pensa em trabalhá-los?! (Bia...beijos...saudades... saindo e voltando amanhã para ler )
Richard Saviolli: Helena, não pretendo trabalhar os meus limites pessoais, sou bem arrogante e me seguro para não falar besteiras.
Quanto às práticas, estabeleço-os logo de início, digo que gosto disso, daquilo e daquilo outro, dai se a pessoa não gostar eu sequer começo. Procuro pessoas com prazeres no mínimo similares para que não haja quebra de limites, assim posso praticar o prazer de ambos de forma despreocupada que não vou ultrapassar os limites de ninguém.
Agora, uma coisa é certa, se a pessoa não gosta de dor, nem de agulhas ou cortes é sem chance até de iniciar a relação. Não gosto de "forçar práticas", então procuro pessoas parecidas.
Bia Baccellet: Qual foi a maior encrenca que já se meteu sendo dono do seu grupo? Qual a maior "treta" que já aconteceu?
Richard Saviolli: Eita, Bia a maior treta que me lembro foi com uma Bottom que foi ao meu grupo dizendo ser estudante de psicologia, ela dizia que todo adepto do BDSM hardcore era doente e que ela conseguia provar isso(Sem prova alguma, incrível).
Foram meses de brigas, brigas e brigas até que a "diversão acabou" e acabei por bani-la. Essa briga foi deveras divertida. Triando isso tiveram várias brigas internas que geraram o banimento de muitos membros, muitos mesmo.
Giulia Farnese de Fernando: Richard Saviolli, boa noite, uma vez que não é adepto de relações Ds, como extrai de uma prática o melhor dela? Por exemplo, na Ds o dominador acaba conhecendo muito bem o corpo e os limites do botton, porém em plays avulsas isso normalmente não é possível. Outra dúvida: quando diz que não tem Ds, significa que só pratica de maneira avulsa ou mantém parceiras ou parceiros fixos, porém sem a parte da dominação?
Richard Saviolli: Giulia, acredito que seja o contrário. Fora da sessão o Top conhece mais o humor e estilo de vida do Bottom, mas é na sessão que ele conhece, na prática, os limites da Bottom, pois é ali que tudo entra em prática, tanto que a DS tem uma tríade chamada EPE que é DS, mas a DS está presente apenas durante as sessões.
Tenho parceiras fixas sim, atualmente moro com uma e estou satisfeito. A dominação que pratico só está presente durante o sadismo, porque é muito difícil separar uma coisa da outra, quando dou uma ordem no meio da sessão Sm, acabo por exercer a DS neste momento, então na prática não é tão fácil separar um do outro.
Mas fora da sessão meu DS é zero, não há regras explícitas não. Espero que tenha entendido o meu ponto de vista
Bia Baccellet: Como é a relação entre sua vida BDSM e família? Eles sabem desses seus gostos particulares? Se sabem, foi natural a revelação ou foi um evento traumático?
Richard Saviolli: Bia, sempre fui "espertinho" e bem arrogante. meus pais sabem, a minha família sabe, tanto que duas das minhas tias querem ir ao Fetlife Party aqui de SP, eu as convidei e elas ficaram maravilhadas.
A descoberta foi como a das outras coisas, sempre fui muito independente, com 14 anos coloquei meu primeiro piercing e já trabalhava, com 17 me assumi ateu e a família é cristã.
A parte que mais recebo apoio é da minha mãe, ela nem liga. Como eu morava com eles e minha mãe arrumava os armários, ela via lá as agulhas, máscaras de couro, chicotes, cane e etc... era bem divertido.
Giulia Farnese de Fernando: Richard Saviolli, entendi perfeitamente.
Seguindo em frente, como sádico pratica sadismo psicológico? Se sim, poderia nos dar um exemplo e qual cuidado utiliza com tal prática?
Richard Saviolli: Giulia, o sadismo psicológico é delicado, eu diria que dependendo do caso é uma red flag.
Exemplos de sadismo psicológico são humilhações e ofensas, também se encaixa aqui o prazer por ver a pessoa com cara de choro, irritada por causa de um ato do top.
Uma questão que bato e que vivi uma vez é deveras delicada. Uma menina acima do peso me procurou no Itaim Paulista, marcamos encontro porque ela estava em "crise".
A situação foi triste, o ex dela era sádico, mas da forma mais cruel que existia, ele tirava foto dela e realçava a barriga e escrevia "gorda nojenta" sobre, ele a huimilhava de verdade, ela estava em depressão e quase tentada ao suicídio.
A situação foi ridícula, então a indiquei um psicólogo e que fosse à polícia fazer uma queixa para que ele ficasse longe dela.
Este não foi um caso BDSM, mas serve de aviso para ter cuidado com quem se intitula sádico. A DS é mais "leve" por ser submissão e dominação, o Sm é mais hard porque vamos lidar com dor de verdade, com maltratos, ofensas, spankings, agulhas e lâminas.
Então é bom saber muito, muito bem com quem nos envolvemos.
Bia Baccellet: Fazendo uma ponte entre BDSM e religião. Você se declarou ateu, acha que religião(qualquer que seja) é incompatível com BDSM, ou não há nenhuma relação entre ser religioso e BDSMer e são perfeitamente compatíveis?
Richard Saviolli: Bia, creio que só o cristianismo não se encaixa com o BDSM, as outras religiões, ainda mais pagãs, podem render cenas muito legais de BDSM. Algumas religiões acreditam em deuses do prazer, fertilidade e afins, alguns fazem orgias em homenagem às deusas e também praticam fetiches.
Só acho que o cristianismo não combina porque ele mesmo condena, uma cidade inteira foi queimada só por fazer sexo anal/homsosexual, então é uma religião que eu mesmo não gosto.
Bia Baccellet: Entrevista encerrada!!!! Muito obrigada Richard Saviolli pela ótima entrevista e pela disponibilidade!!! A todos uma ótima noite e até a próxima!!!!!
A entrevista original pode ser visualizada em nosso grupo no Facebook.
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