quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Sobre amor, BDSM e outras drogas.

Texto de Bia Baccellet

O envolvimento afetivo entre pessoas sempre foi algo muito intenso e devastador. O coração é um músculo associado ao sentimental, mas é no cérebro que a coisa toda acontece. Falando cientificamente de endorfinas e outras drogas produzidas pelo nosso corpo. É no cérebro também que fazemos o julgamento daquilo que nos faz bem ou não.

Gostos ou preferências são desenvolvidos com o passar do tempo e com nossas experiências sensoriais com o mundo ao redor. O doce ou o amargo tem sabores diferentes em paladares distintos.

O envolvimento amoroso é como o doce ou o amargo em nosso paladar, pode ser "sentido" de formas diferentes, por pessoas diferentes, liberando "drogas" em nosso organismo, associando à coisas boas ou ruins.

Agora chegamos ao centro da questão para debate. E quando envolvemos BDSM? Sabemos que dentro desse universo tudo é muito mais intenso, tudo é potencializado ao máximo, tudo é vivido perto dos extremos. Como lidar com o afetivo? Como saber a medida?

Ouço de muitas pessoas a seguinte afirmação: Quando o(a) Dominador(a) se apaixona pela submissa(o), ele(a) fica baunilha, deixa de ser Dominador(a) e passa a ficar mais brando nas práticas. E a partir dessa afirmação eu pergunto: Qual o impedimento para que um(a) Dominador(a) ame sua posse? Ele(a) também não é um ser humano, que produz as mesmas endorfinas e drogas do amor? Deveria então ele(a) ser alguém imune ao aspecto afetivo e se tornar apenas um aplicador de práticas sem nenhum sentimento envolvido?

Oras, se assim fosse, pra que então cuidar da posse? Que raios então um(a) dominador(a) vai fazer em afagar e mimar seu brinquedo, se ele não quer ser mimado? É errado então dar flores à sua posse e dizer que a(o) ama? 

Entendo que muitas pessoas gostam de ser tratadas como capacho, que gostam de se sentir lixo, que gostam de ser humilhadas ao extremo, e que seu tesão está exatamente nisso. Mas é assim o tempo todo? Gostar de sentir desse jeito em qualquer ocasião? Mesmo em sua vida cotidiana? Seria isso saudável ou são?

Gosto de ser amada. Gosto da sensação de pertencer, mas também gosto de saber que a mesma pessoa que me ama o suficiente pra ser sádica comigo, me dá colo, flores, carinho e cozinha junto comigo.

2 comentários:

  1. Excelente texto! Super concordo :)

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  2. Ler é conversar com os sábios. Mas a interação desta grande era da tecnologia, eleva a experiência a outro nível. Encantado com o blog, com as pessoas que escrevem nele, com seu texto. O nível de cumplicidade e entrega em uma D/s é de uma profundidade tal, que sentimentos baunilha, como carinho, ternura, e porque não, paixão e amor podem sim aflorar de algo tão verdadeiro e belo. Minha natureza passional eleva este viés, mas como não nutrir algo por tamanha entrega ?

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