segunda-feira, 13 de março de 2017

O CARÁTER, O GOLPE E O GOOGLE - A farsa das redes sociais


Texto de Rainha Shekinah


Entre extensas discussões sobre o que é ou não BDSM, suas bases e práticas, todo o tipo de gente se junta a roda. Não desejo falar dos mais variados tipos de praticantes, hoje quero abordar algo especifico: o farsante.

Num contexto geral e sem entrar em nenhum tipo de regra ou conceito relativo ao meio, hoje quero apenas falar daquilo que é inerente ao ser humano, que por sua vez se reflete no que faz. Quero falar sobre caráter, por entender que antes de falarmos das práticas devemos pensar em quem as realiza.

Se pensarmos a fundo sobre qualquer base ou modelo que um praticante possa estruturar suas relações BDSM, não importa se é SSC, RACK, TPE, a única coisa que rege a proteção de ambas as partes é o caráter. 
Não importa sua idade, ou o tipo de história que você tem com o mundo do fetiche, o que importa no fim é sem sombras de dúvidas o tipo de pessoa que você é, isso sim vai refletir em tudo o que fizer.

Certa vez falei sobre ética e verdade, agora ataco o caráter e a identidade do praticante. No fim, devemos olhar para nós mesmos e para os nossos pares com olhos nus, olhos livres do ego, para poder sentir o que esta dentro de nós. 
Cada um trilha o caminho que quiser em busca do prazer, afinal o prazer é pessoal e não diz respeito ao senso comum. Cada um deve ser capaz de gerir e escolher aquilo que lhe satisfaz, seja respeitando as regras ou escolhendo viver num espaço onde estas não existem.

Eu penso naqueles que se dedicam a construir uma imagem de diplomáticos, que não se posicionam em questões fundamentais, que estão sempre na corda bamba, pajeando o lado mais vantajoso da moeda, se vendendo com palavras que o outro quer ouvir porque no fim não tem base para argumentar nada. 
Penso nos tantos que vejo que utilizam dos sites alheios, de textos e de informações colhidas junto aqueles que de fato dão a cara a tapa para viver o BDSM real, para construir uma imagem de mentores e de grande sabedores. Pessoas estas que muitas das vezes nem sequer manipulam o básico, nem um flogger sabem usar e vivem da ilusão de que possuem um harém ainda não concretizado.

Penso nas pessoas que se aproximam de outras por status, por um trampolim. Pessoas que bebem da bagagem de outro e nunca lembram da referência. Pessoas que em si são o golpe verdadeiro.

Talvez a grande farsa das redes sociais sejam essas pessoas que se escondem atrás de uma vida ilusória inexistente, munidas de uma falsa popularidade nunca exposta. E quando vamos aos eventos e encontros, vemos sempre os mesmos, sempre as mesmas pessoas que estão ali muito mais do que pelo prazer, mas pela troca e pela ausência de medo de ser quem são.

Então é assim que defino quem é real pra mim no BDSM, aquele que não importa a posição vai ao encontro dos seus pares sem medo da troca de experiencia, sem medo de se revelar porque o que construiu ou deseja construir tem verdade.

Informação teórica é fácil, informação técnica não. E de uma certa forma é uma proteção que certos conteúdos só possam ser aprendidos no cara a cara, onde esse outro precisa sim se revelar a alguém.

Eu lamento que tantas pessoas sejam seduzidas por discursos belos e romanceados. Lamento que pessoas achem bonito o elogio constante e não se perguntem sobre a falácia da perfeição. Sigo a mesma premissa da amizade verdadeira, se nunca há criticas, há falta de verdade.

Pessoas são diferentes, umas duras, outras gentis, isso não tem haver com ausência de posicionamento coerente. Não vejo dano em dizer você está errado, olhe aqui o caminho. Mas vejo enorme dano em passar a mão na cabeça pra ter seu afeto.

O grande golpe é este tipo de praticante legalzinho demais, que prega um romance de contos de fadas e esquece que a vida é real e feita de pessoas com suas dores, problemas e dificuldades.
Há incoerência demais. Há muito rosa numa vida que é pigmentada por todas as cores.

Então minha reflexão é sobre o caráter. Sobre refletir ser o que se é, sobre viver o que se prega, sobre falar a verdade, sobre não se nutrir da experiência de alguém pra fazer pseudo fama e por fim, sobre a dignidade de portar e honrar o próprio nome.

Não existe essa de eu teria um submisso por dia se quisesse, isso é desculpa. Quem pode tem e normalmente quem tem nem conta. Desculpas são desculpas, e para todo o resto temos nas redes sociais o grande espelho da humanidade.

Mas nem tudo é tão ruim, porque sempre nesse emaranhado a gente encontra gente real, que se indigna com o mesmo e que torna este caminho justificável.

Não, eu não quero perto de mim quem ilude para comer a coleguinha, quem ilude por status, quem prega respeito através da sedução e tem sua própria posse se oferecendo a qualquer um que apareça. Não quero mesmo bajuladores, não quero nem sequer estar certa porque como ser humano eu erro e gosto muito até de falar sobre isso. Mas não vou botar pó mágico na vida pra te seduzir, nem vou aceitar tudo o que você quiser pra transar com você. Eu respeito o outro independente de tudo, e respeito a mim mesma.

Adoro o prazer, e nunca provei o prazer real sem a verdade de ser o que se é!

4 comentários:

  1. Ótimo texto, reflete minha opinião também. E o pior é sabermos que é um reflexo do momento de nossa sociedade.

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    1. Também gostei muito do texto, parece que alguém leu meus pensamentos e escreveu!!

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  2. Bom texto. É pena os muitos erros ortográficos.

    Saudações,
    Senhor F.

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  3. Encontrei um péssimo exemplo de Domme chamada Nathy Dominatrix,ela foi grosseira e violenta em palavras comigo que não a desrespeitei em nenhuma hipótese,as frases envolveram uma violência verbal tão hedionda antes dela me bloquear em whatsapp,que duvido que o que rola alí é apenas BDSM e fetiches,TOMEM CUIDADO!Ela posta que procura submissos em sites e redes sociais

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