No dia 04/11/2014 foi entrevistada a Domme Morgana Stoker.
Abaixo a transcrição da entrevista que aconteceu em nosso grupo no Facebook.
Bia Baccellet: Iniciamos agora a entrevista com a Domme Morgana Stoker. Apos a apresentacão as perguntas estão liberadas. Boa noite, por favor apresente-se!!!!!!
Morgana Stoker: Boa noite a todos. Me "chamo" Morgana (o Stoker aqui é mera formalidade do facebook, pq na verdade sou conhecida como Domme Morgana). Tenho 38 anos, dominadora desde os 17, embora, hoje, com plena convicção do que o q vivi nessa idade foi apenas uma constatação da minha natureza dominadora, pq muita coisa foi moldada nesses 21 anos. Bom, acho q pra uma apresentação tá bom né? Vamos ver o que me aguarda.
Gostaria também de agradecer o gentil convite da Srª Marcia Leite, e a hospitalidade de todos que me receberam no grupo. Saudações a todos!
Bia Baccellet: Boa noite!!! Como conheceu o BDSM Morgana Stoker?
Anna Rainha: Querida amiga , me dê o prazer de saber como foi a sua primeira sessão ?
Morgana Stoker: Boa noite Bia e Anna. A resposta vai ser única, de certa forma. Bem, eu tinha um namorado, relacionamento baunilha. Eu sempre fui dominante, embora não soubesse o que isso significava. Um dia, ele me pediu pra me algemar, a titulo de "apimentar" um pouco o sexo. Eu permiti, embora desde o momento que ele pediu eu tivesse ficado um tanto desconfortável, não por medo, ou insegurança, mas pela questão de estar à mercê de alguém. Isso não levou dois minutos, mas foram os piores minutos da minha vida. A angústia de estar sob o ritmo de alguém, o comando de alguém, realmente me incomodou. Pedi pra ele me soltar e sugeri fazer o mesmo com ele...
Morgana Stoker: Qdo o algemei, entrei numa espécie de transe...rsrs. Possivelmente o que conhecemos como topspace. Qdo dei por mim, ele estava com os pés amarrados pelo cadarço do meu coturno, a minha calcinha na boca e eu em cima dele, batendo.
Dany Dumont: BOA NOITE NOBRE, MINHA PERGUNTA É MAIS PESSOAL, A A SRA JÁ SE APAIXONOU POR UM SUB?
Morgana Stoker: Dany. Sim, eu já me apaixonei, até pq no início os meus submissos eram namorados que acabavam se tornando submissos. Hj em dia, isso não acontece mais, embora JAMAIS possa ser confundido com falta de amor, carinho ou cuidado.
Bia Baccellet: Quais suas práticas favoritas?
Morgana Stoker: Bia, eu sou sádica. As minhas práticas que me dão MUITO prazer envolvem dor, mas isso não significa que eu só pratique sadismo. Gosto muito de bondage, de um spankin até mais leve, pq curiosamente, não gosto de brutalidade. Por isso não pratico cbt. Gosto muito da parte psicológica, também, mas se eu tenho que eleger algo como meu favorito, sem dúvidas é o blood play, especialmente cutting.
Karla Romero Castellini Dourado: Boa noite, Morgana Stoker, é comum ouvirmos sobre fases onde as pessoas não se aceitam referente ao BDSM....
Isso aconteceu com você? Como foi?
Morgana Stoker: Boa noite Karla. Sim, eu tive essa fase, após primeira "sessão" eu fiquei pirada, tanto pelo que eu fiz quanto pela reação do meu então namorado que ficou aterrorizado. eu pirei mais ainda... Tinha vontade de vomitar qdo eu lembrava das sensações que tinha. A primeira vez que assisti uma sessão, da minha mentora, e a vi praticando cutting, e tive um orgasmo só em ver aquele sangue todo escorrendo, eu saí vomitando e chorando do lugar. Foi preciso muita orientação e um pouquinho de terapia pra aceitar isso.
Dany Dumont: SABEMOS COMO SOMOS TACHADOS POR PRATICAR BDSM, POIS ALGUNS COM SUA MENTE FECHADA NOS ACHA,PERVERTIDOS,DOENTES ENTRE OUTROS NOMES,A NOBRE JÁ PASSOU POR ESSA SITUAÇÃO, E SE PASSOU COMO SE SAIU DA TAL SEM SE EXPOR DE FORMA NEGATIVA???
Morgana Stoker: Bom, Dany. Eu sou frequentemente chamada de doente até por quem pratica BDSM pq eu gosto de sangue. Na verdade, eu não constumo falar disso pra quem é baunilha, a menos que o assunto surja e eu encontre uma brecha pra defender a minha visão. Meu pensamento é de que pessoas com a mente engessada permanecerão assim, então, não adianta muito gastar energia.
Bia Baccellet: Acho as praticas com sangue muito bonitas, como fez pra aprender essas técnicas? Teve algum mentor ou fez aulas específicas?
Morgana Stoker: Bia, a minha mentora era médica, e manejava bisturi e agulhas com maestria. Eu sou bióloga, e acabei por força da profissão me ajustando muito melhor. Na verdade, esse é um exemplo do caminho inverso... eu aprendi a manejar os instrumentos como domme antes de usar como bióloga. É o BDSM a serviço da ciência!
Bia Baccellet: Qual o perfil ideal de um parceiro? Que características procura em um parceiro?
Morgana Stoker: Bia, as características que me atraem em um parceiro, são, sobretudo, a cara limpa. Eu não consigo me relacionar com pessoas indecisas, cheias de rodeios... Sempre q eu inicio uma relação, eu despejo o que chamo de "furacão Morgana" sobre os bottoms. Qto à submissão, gosto dela em todas as suas vertentes. Gosto dos submissos mais mansos até os mais abusados (adoro um brat). Não faço distinção tb entre experientes e iniciantes, pq acho, que como dominante, a minha obrigação é o mínimo q se espera é que eu saiba conduzir essa relação a contento de ambos.
Rose Mouha: Boa noite! Morgana na sua apresentação mencionou conhecer o BDSM aos 17 anos. Como foi lhe dar com tal experiência tão jovem? Qual maior dificuldade que sentiu? E qual foi a sua maior saia justa numa sessão?
Morgana Stoker: Boa noite, Rose. Então... aos dezessete anos tudo o que eu sabia era que eu tinha prazer com isso e o que eu buscava era prazer. Há 21 anos atrás não tínhamos um décimo das informações que se tem hoje sobre BDSM, era tudo muito empírico, era cada um vivendo as suas sensações. Por incrível que possa parecer, quem me direcionou pro sadomasoquismo, o que me despertou e e permitiu saber que além de mim havia uma multidão de pessoas que fazia isso, foi um filme com a Madonna, chamado "corpo em evidência". Nesse filme, ela tem uma relação sadomasoquista com o advogado dela, e há uma cena, em que ela quebra as lâmpadas de um estacionamento e o faz deitar em cima pra fazerem sexo, que me despertou pro que realmente me dava prazer. Mesmo depois de tanto tempo, tanta informação, e tantos filmes sobre FEMDOM, eu considero essa cena a experiência visual mais erótica que vivi dentro do sadomasoquismo.
Marcia Leite: Boa noite Morgana Stoker....VC é bi sexual...dominaria uma submissa?
Morgana Stoker: Marcia, agora q vi sua pergunta sobre bissexualidade. Não, eu não sou bissexual, embora isso não me impeça de dominar uma mulher. Entretanto, isso só aconteceu uma vez, com a submissa de um amigo meu, que não era sádico e ela era masoquista. Ele me convidou pra uma sessão com ela. Fui e gostei bastante, pq as meninas são melhores masocas que os meninos (não me crucifiquem por isso,rs). São mais dedicadas e mais tolerantes a dor. Mas pra mim, submisso não tem sexo.
Dany Dumont: JÁ TEVE SUA AUTORIDADE E AUTENTICIDADE DE DOMME CONTESTADA OU QUESTIONADA??
Morgana Stoker: Dany, sim. Não por um submisso, mas infelizmente há bem pouco tempo num incidente que me aconteceu. Eu fui banida de um site BDSM por ter aberto um debate sobre vida baunilha x BDSM, e acusada de ser uma "pseudo" domme que incita a traição. Mas dentro das minhas relações D/s, nunca.
Dany Dumont: O QUE ACHA DA DOMINAÇÃO VIRTUAL OU VIA TELEFONE,EM SUA OPINIÃO É POSSÍVEL UMA RELAÇÃO D/s POR ESSES MEIOS?
Morgana Stoker: Dany, em tempos de internet, a maioria quase esmagadora das relações D/s iniciam por meio virtual. Meus ultimos submissos eu os conheci via internet, e a conversa, aquele reconhecimento inicial se desenvolveram por aqui. Porém, acho q toda relação, D/s ou não, necessita do olho no olho... A internet é um excelente meio de conhecer pessoas, e IDEALIZAR pessoas. Nada como olhar, tocar, ouvir de perto pra ver se vai adiante ou não. Tenho, pessoalmente, minhas ressalvas quanto as relações q se prolongam infinitamente pela internet. Demanda muita coisa. Demanda uma extrema dedicação que muitas vezes não é verdadeira. Eu particularmente acho impossível manter uma relação assim.
Marcia Leite: Qual sua opinião... Sobre o boom cinqüenta tons de cinza no meio BDSM?
Morgana Stoker: Marcia, o boom cinquenta tons de cinza, apesar da grande crítica que recebe, achoque serviu pra desmistificar alguns aspectos do BDSM. Pessoas que antes viam esse tipo de relação como doentia, passaram a ter uma outra visão (ainda que deturpada) do que envolve dominação e submissao. Fico apenas incomodada com o que eu chamo de "submissas traça", que vivem apenas de livros de romance "baunilha com pimenta", esperando o dominador que vem buscá-las de helicóptero. E pq não, com os dominadores que chegam aqui por meio desse tipo de literatura e esperam encontrar meninas com o bumbum virado pra cima esperando apanhar.
Dany Dumont: ALGUMA VEZ JÁ TEVE ALGUMA DUVIDA SOBRE SER TOTALMENTE DOMINADORA,NUNCA SE IMAGINOU SWITCHER ?
Morgana Stoker: Dany, nunca. Exceto por essa minha primeira experiência em que fui algemada, e isso, ressalto, não partiu da minha vontade, eu nunca me imaginei como submissa. De fato, é uma condição impossível pra mim.
Marcia Leite: Qual a importância... Em um mestre. VC como mentora, qual suas prioridades em ensinar?
Morgana Stoker: Marcia, eu sou professora... Carrego comigo as bênção de maldições de ensinar. O que eu acho primordial em um mentor, é que ele definitivamente saiba do que fala. Precisa ter base teórica, e saber na prática o que propõe-se a ensinar. Já mentorei bottoms e TOPs, e o viés de ambos é muito diferente. Para os bottoms eu sempre friso a importância de conhecer seus limites, e seu prazer. Como eu disse aqui em um tópico, não basta apenas saber o quanto aguenta, mas o que disso é prazeroso. Pessoas que tem um limiar a dor muito grande, ou personalidade forte o suficiente pra não submergir numa sessão mais psicológica, não têm, necessariamente prazer com isso. Se a relação envolve primordialmente prazer, é preciso conhecer o seu. Reforço, especialmente pras meninas, a importância de segurança nesse tipo de relação, a identificar os malditos "punheteiros virtuais" que tanto denigrem o meio. Pros TOPS, a minha recomendação é de que tratem seu bottom com respeito, com cuidado e com amor. Submissos são jóias raras, como eu sempre digo, que merecem ser cuidadas, pq é preciso ser muito forte pra entregar-se inteiramente a alguém. E um bom TOP reconhece isso, e molda-se a si mesmo, desmistificando a ideia de que o dominante não precisa se adaptar, pra obter o máximo de prazer nessa relação.
Marcia Leite: Qual pratica BDSM... VC não faria?
Morgana Stoker: Eu não faço práticas que envolvem excreções, como scat, por questão de gosto e de segurança. Há ainda um pouco de controvérsia nisso, mas, na minha visão, sob o ponto de vista biológico, essas práticas não são seguras. E tb não gosto de nada que envolva brutalidade, como cbt, por exemplo.
Marcia Leite: Qual sua tática, para separar os punheteiros dos subs?
Morgana Stoker: Ah, conosco dominadoras é mais difícil acontecer. O que eu faço é simples, não dou chance pra isso. Se acontece de por acaso alguma conversa se direcionar pra isso, eu corto imediatamente da forma mais seca possível. Os que sobrevivem, geralmente são gratas surpresas. O que esses meninos tem que entender e é o que eu dexio muito claro, é que se EU QUISER que eles caminhem por esse lado, EU MANDO. Simples.
Marcia Leite: E difícil encontrar sub...que curta a pratica que envolve sangue?
Morgana Stoker: Marcia, é sim. Muito. Como eu disse, os meninos são mais suscetíveis a dor que as meninas, e ser um homem submisso muitas vezes já é o máximo que eles conseguem, por força de toda uma questão social. Eu sempre deixo claro nas minhas negociações que é uma coisa que eu gosto, que me dá extremos prazer, mas nunca, jamais, eu desrespeitei ou desrespeitarei um limite. Com alguns, que eram tão resistentes no início, eu acabei praticando após um tempo, mas isso leva muita conversa, muita confiança e muito empenho do dominador em levar o submisso a querer ultrapassar os seus limites. E foi muito bom.
Letty Souza: Domme, algum botton ja usou a safe contigo? Se sim como foi? Como um TOP ve a palavra de segurança?
Morgana Stoker: Letty, alguns submissos já usaram sim. Embora isso faça muito tempo, eu achei muito importante pra minha construção como dominadora. Não tinha, à época, todo o know-how que tenho hj em perceber que já não dava mais. Já passei por situações de um extremo a outro, uns usaram a safe na primeira chicotada, talvez pq não fizessem a menor ideia do quanto dói, ou tivessem idealizando outra coisa, ou até mesmo pq eu tenha batido forte demais. Isso acontece, e o dominador que disser q não, é realmente um abençoado. Minhas sessões iniciais, como eu disse, foram puramente lúdicas, sem nenhum acessório, a não ser eu mesma. Depois, qdo eu segurei um chicote pela primeira vez, eu tremiiiiiia... Não sabia o que fazer com aquilo, pq eu tinha certeza de q a vontade ia ser muito maior do que a maestria. Hj em dia, eu observo tanto o submisso que isso não acontece. Sinais corporais são melhores que qualquer safeword, mas se porventura acontecer, eu não me sentirei mal. Seres humanos são individuais, têm dias bons e outros maus, e isso influencia muito a sua sensibilidade. Pode ser eu que bata mais forte num dia em que ele esteja mais frágil, e nesse caso, a safe tá aí pra isso.
Morgana Stoker: Complementando, Letty, eu acho que um bom dominador reconhece que ele não é supremo, não está acima do bem e do mal. Nós também somos seres humanos, passíveis de erro.
Marcia Leite: Quais os cuidados que VC tem...quando um sub entra em subspace?
Morgana Stoker: Marcia. eu considero que o ideal é a observação extrema, pra identificar o subspace o mais precocemente possível.Eu até brinco com meus amigos que o submisso sempre "curte" mais a sessão que o dominador, pq a gente tem q ficar ligada em cada movimento, em cada alteração de respiração, de tudo. Qdo acontece o subspace, eu paro exatamente o que estou fazendo. Abraço, procuro mudar a cena, tirar dali todos os elementos que remetem à sessão. Guardo acessórios, mudo de roupa. Vou falando baixo, até perceber que a pessoa tá voltando. E depois, um aftercare MUITO caprichado, pq abrir mão dessa carga de endorfina e prazer que é liberada é difícil, tem submisso que simplesmente luta pra não sair do subspace. Com um after bem conduzido, dá pra fazer a neuroquímica se equilibrar.
Marcia Leite: E como VC lida com o drop?
Morgana Stoker: O drop é meu velho conhecido. Meu último submisso entrava no drop com tanta frequencia q eu comecei a considerar a todo tempo o que eu estava fazendo com ele. Quando isso acontece, eu largo o que eu to fazendo pra dar atenção. Não tem outro jeito de fazer isso. Embora um dos componenentes do drop seja a negação, eu sempre achei que estar do lado no momento em que ele sente raiva, tristeza, arrependimento, é a melhor forma de conduzir isso. Ajudara se perceber como a pessoa que desejou aquilo, sempre é eficaz quando o contrário grita.
Letty Souza: Alguma sessão da senhora já deu errado (de ter que parar em hospital ou coisas do tipo)? Se sim, poderia contar o que houve?
Morgana Stoker: Letty, algo já deu errado mas não a ponto de levar pro hospital. Eu estava fazendo um cutting e o submisso se mexeu muito bruscamente, e isso acabou ocasionando um corte mais profundo no mamilo. Felizmente não precisou de ponto, eu consegui tamponar e fiz curativo. Mas a parte boa de relatar isso aqui é pra ilustrar a necessidade de saber o que se está fazendo... Não basta querer fazer, tem q saber fazer, e especialmente, conhecer o que vem depois.
Juan Mikkael: Boa noite, Domme. Como Dominadora Sádica, acha que é possível separar o prazer oriundo dos jogos e das torturas previamente combinadas daquele advindo de ter de aplicar um castigo ou punição na sua peça?
Morgana Stoker: Boa noite, Juan. Bom, não é fácil, especialmente pq a tortura punitiva envolve elementos que não são bem aceitos pelo bottom. Isso nos leva à questão de avaliar os limites, e ver o que pode e o que não pode. Mas sempre tem uma coisinha ou outra que não dá prazer ao bottom, mas q não é necessariamente um limite, e aí, a gente brinca com isso.
Gabriel Souza: Morgana, Vc falou de um dos lados positivos do "boom 50 tons". O que vc acha do surgimento repentino - nos últimos 2 anos, creio - ocasionado ou não pelos livros, de tanta gente no meio (me incluo nisso aí)?
O que acha do preparo - ou da falta deste - por estes novatos?
Morgana Stoker: Gabriel, vc foi convocado há horas,rs. E eu sei q vc me ama demais. Bom, vamos lá... Como eu disse, eu acho q uma porta de entrada é sempre uma porta de entrada. Não importa se é feia, bonita, ou esquisita, importa é que te faz entrar. O que vc faz depois que entra, é o que vai diferenciar vc dos demais. O preparo da maioria dos iniciantes, ao meu ver, e espero não ser mal interpretada pelo que vou dizer, é risível.. É nenhum. As pessoas entram pela porta e querem permanecer sentadas. Ou querem que as coisas aconteçam por milagre. Ngm quer estudar anatomia, farmacologia, psicologia, pra viver uma relação erótico-sexual. Mas é preciso. Existem aqueles, TOPs e bottoms, que são o que são, e desenvolvem isso. Estes são os melhores, pq se aceitam, se conhecem e sabem o que querem, buscam apenas condicionamento e conhecimento pq a essência já tá lá. E pra não perder a oportunidade de babar vc, eu já te disse no particular e digo em público, vc é um desses.
Letty Souza: Ja aconteceu de um submisso surtar durante e/ou depois da sessão? Como lida com isso?
Morgana Stoker: Sim. Letty. Já aconteceu, e o que eu faço eu escrevi lá em cima, qdo falo do drop. Não é fácil, não é bonito. A gente quer q todo aquele prazer que existiu durante a sessão perdure após ela. Mas nem sempre é assim.
Juan Mikkael: Desculpe, acho que não me fiz entender: me refiro ao prazer que a aplicação do castigo ou punição gera em ti, não no sub. Minha pergunta considera que, para muitos Dominadores, nenhuma das partes deve sentir prazer com o castigo, pois esse deveria ser, antes de tudo, ruim para os dois, pois implica falha, desobediência, conduta inadequada etc. Porém, há muitos outros que consideram de forma diferente.
Morgana Stoker: Ah, sim, Juan. Desculpe, eu realmente não havia entendido. Bem, eu olho o castigo com dois olhares: O bottom pode realmente fazer algo passível de punição ocasionado por uma falha do TOP, e nesse caso, realmente é desagradável mas eu acho também que devemos estar cientes de que estamos sujeitos a isso. Nem sempre somos claros o suficiente, pode haver esse tipo de falha e aí, o castigo é autopunitivo pro TOP. Não tem nada mais entediante q ser sádico e castigar alguém q não aprendeu por uma falha sua. Nem se eu retalhasse o sujeito inteiro (força de expressão, gente!) eu teria prazer com isso. Agora, tem o outro lado da moeda. O brat. O brat é um espécime que existe no mundo pra dar ao sádico o prazer do castigo.
Gabriel Souza: Mas pegando o gancho do estudo: Lá fora existem cursos, seminários, reuniões pra debates, etc., onde essas noções são ensinadas. Aqui, aparentemente existe uma falta de profissionais da área biomédica no BDSM.
Até que ponto seria importante/útil que os profissionais dessa área dessem um parecer mais conciso em debates/discussões abertas sobre anatomia, fisio, farmaco e psicologia (assim como advogados fazem efusivamente quanto ao "pode-não pode bater", "isso dá cadeia-isso não dá")?
Morgana Stoker: Gabriel, eu acho super importante. Eu penso assim pq eu vejo muita coisa doida em fórum, coisa que dominadores experientes fazem e não deveriam fazer! Coisas que por algum milagre funcionam neste momento, mas que a longo prazo acabam trazendo prejuízo. Acho q seria muito bom que em nossos munches e encontros, isso acontecesse.
Rara Pérola: Boa noite a todos(as) Senhora... sua opinião sobre a prática do money slave?
Morgana Stoker: Pérola, money slave pra mim é um fetiche e deve ser respeitado como tal. Se o bottom tem prazer em ofertar, e se o TOP tem prazer em receber, não vejo mal algum. Entretanto, o que eu tenho visto acontecer sistematicamente, especialmente entre dominantes do sexo feminino e bottoms masculinos é exploração financeira. Isso é, além de mau caratismo, estelionato passível de punição pelo código penal. Eu mesma recebo diversos convites para presentes e dinheiro, porém, isso não me agrada. E não é só o bottom que tem limite, O TOP tb tem.
Marcia Leite: Entrevista encerrada....obrigada pela participação de todos...em especial a Morgana Stoker...Obrigada por ter aceito meu convite. Boa noite a todos.!!!
Morgana Stoker: Muito obrigada a todos pelas perguntas e especialmente a Srª e querida amiga Marcia Leite pelo convite. Foi uma honra estar aqui com vcs. Boa noite.
As entrevistas acontecem semanalmente em nosso grupo no facebook.
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